quinta-feira, 5 de março de 2009

Capítulo 5: Perdão negado

Estava pronto pra ir embora de vez, seu pai tinha sido transferido e estava doido pra sair daquele lugar que tinha lhe enchido de desgosto e ódio e vergonha.

“Lean, tem gente te chamando!” Gritara a mãe da sala para o filho que estava no quarto.

Pelo tom que a mãe usara e pelo “tem gente” Lean imaginou ser quem ele menos queria ver. A pessoa que ele nunca mais queria ver na sua vida.

“O que você quer?” Lean falou. Estava áspero, rude, mal. Sentia ódio.

“Eu quero conversar com você. Te pedir perdão.” Levi ainda exibia o olho roxo e as outras marcas que Daniel, tinha lhe dado de presente depois do “showsinho” na festa.

“O que você me fez, não tem perdão! Eu não quero te perdoar.”

“Por favor, eu fui um imbecil. Eu não soube respeitar você, não te dei o valor que você merece, o que fiz foi horrível. Esqueci que antes de tudo somos amigos. Não te respeitei, fui um idiota.”

“Dentre tudo o que você falou, sou obrigado a concordar com a última: Você é um idiota.”

“Me perdoa, vai. Quero ser seu amigo de novo.”

“Não posso. Não vou passar por cima de mim, da minha vergonha na cara e da minha auto-estima. Não! Sei que Deus ensina que devemos perdoar, mas desta vez vou pedir que ele faça vista grossa. Ao que Ele me atenderá, pois ele viu tudo o que você fez comigo. Fui humilhado. E não te perdôo. Você vai viver a vida toda com o que você fez perturbando sua mente.”

“Pelo amor de Deus, Lean! Entenda o meu lado: eu achei aquilo tudo muito estranho... não é todo dia que coisas assim acontecem, não é? Nossa amizade tem de ser maior que isso.”

“ “Pelo amor de Deus”?! “...nossa amizade”?! Você não pensou em nenhuma destas duas coisas quando... quando decidiu me humilhar, me destruir. Você não teve amor a Deus, você não foi meu amigo. Foi meu inimigo! Um inimigo baixo e mau-caráter. Eu não vou passar por cima do meu orgulho. Eu morro de gastura só de imaginar você apertando minha mão e recebendo um sorriso meu. Eu morro, mas não perdôo você. Eu posso ir pro inferno por isso, mas irei em paz. Você foi mau comigo, mas eu serei pior com você. Vai morrer com o peso do que fez. E vá embora. Eu nunca mais quero olhar na tua cara suja.”

Despedidas, se um dia foram agradáveis é porque os que se despediam eram desagradáveis. “Deixar pra trás” era algo difícil. Mesmo com tudo, mesmo com aquelas coisas. Com a traição e a humilhação. Era difícil ver o rosto de Susana, de Marcelo e de Daniel ficando pra trás. Deixar! Cortar as raízes doía muito. Uma lágrima se fez nascer nos olhos de Lean, percorreu seu rosto e foi bruscamente secada com a mão do garoto. Era melhor deixar de olhar pra trás e passar a ver o mundo que o vidro dianteiro do carro do pai revelava. Lean tacou os fones nos ouvidos se afundou em seu “diskman”, ouvindo velhas músicas de pular, e num livro da Jane Austen, que já tinha lido no mínimo umas cinco vezes.

Janeiro no Rio de Janeiro, ah! “Isso é que é vida”, pensou Lean colocando a cabeça pra fora da janela do carro. O vento beijava seus cabelos e os fazia voar. Estavam passando pelo Flamengo e Lean ficou maravilhado ao ver o Pão de Açúcar ao vivo.

“Não é à toa que chamam de Maravilhosa!” Observou Flávia.

A belezas das pessoas na Av. Atlântica. Gente bonita. Viva! Com cor. Isso parecia um sonho. Chegar ao Rio. A Av. Vieira Souto e sua praia maravilhosa. Não seria uma tarefa tão árdua se adaptar àquele lugar.

Um comentário:

  1. Eu morro, mas não perdôo você. Eu posso ir pro inferno por isso, mas irei em paz. Você foi mau comigo, mas eu serei pior com você. Vai morrer com o peso do que fez. E vá embora. Eu nunca mais quero olhar na tua cara suja.”
    FANTASTICOOOO

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